Por que filosofia secular em sociedade cristã?


Por que filosofia secular em sociedade cristã?


Pelo simples motivo de nem todos os homens serem cristãos. Com o fim do modelo medieval, ocorreu de que a separação do Estado e da Igreja resultou nessa secularização, começando pelas escolas e onde a liberdade foi centro e a tolerância com outros cultos. Disse Ambrósio Peters: “A Filosofia como ciência não pode, em sentido amplo, partir de pressupostos aleatórios que não possam ser demonstrados logicamente, ou de fatos não passíveis de serem submetidos a experiências repetitivas ou a experimentação científica padronizada”.
A filosofia cristã teve seu momento, e há uma gama de variantes na história filosófica. A liberdade de pensamento mesmo exige que se parta da dúvida, e de fundamentos mais racionais, não tão focados unicamente na fé. A filosofia pura é a filosofia geral, e se desenvolve em plena liberdade cultural e de consciência, não da vontade de sacerdotes. A oposição entre sacerdotes e filósofos é de longa data, sendo clara na filosofia árabe, com os Ulemás.
A existência de um Deus de concepção teísta não pode ser filosoficamente demonstrada (Ambrósio Peters). A verdade das escolas ou correntes filosóficas se chega através do livre exercício do pensamento, ou seja, através da Filosofia Geral ou Pura. Já a verdade dos grupos ou sistemas religiosos é uma verdade definida ou dogmática a que se chega através da revelação, isto é, da pura aceitação, da fé, ou do sobrenatural.
A filosofia evolui com a evolução da ciência. Já a religião procura o dogma e a não evolução.
De certo modo, a filosofia se afasta da religião, e em grande parte vemos esse afastamento na sociedade após advento do iluminismo, que contestou muitas verdades bíblicas. 
É que muitos absolutistas e governantes tiveram apoio do clero. A secularização do pensamento leva consigo a secularização da prática desse pensamento. Dá a César o que é de César.
Homens pensantes jamais destruirão qualquer religião. Apenas ocorre de se afastar uma padronização, a fim de se respeitar a diversidade.
Emmanuel Kant (1724 - 1804) escreveu a respeito do Iluminismo: "O Iluminismo é a evasão do estado de menoridade que o homem costuma atribuir a si próprio”.
Uma característica da filosofia de Hobbes, baseada nos novos conhecimentos matemáticos e científicos, era a rejeição de uma teologia baseada no sobrenatural.
Viajantes que voltavam da China, da Índia, da Arábia, do Egito, da Pérsia, trouxeram notícias de outros povos com outras religiões e outras filosofias, tomando inevitável a comparação dessas filosofias e dessas religiões, com a religião dos povos do cristianismo. Essas comparações foram exaltadas por Locke e reforçadas pela ciência natural de Isaac Newton.
Resultou assim no deísmo inglês, que mescla essa prática com o sobrenatural. No entender de Mathew Thindal é improvável que só cristãos e judeus tenham a graça divina. 

Comentários

  1. Mariano Soltys: penso que toda questão está na repartição do poder. Não só porque, como alguns defendem, o homem seja ganancioso pelo poder, mas porque nos vemos obrigados a nos apropriar e, antes disso, lutar pelo poder, para viabilizar nossa vida e nossos projetos. A briga não é com a religião, é com o monopólio do poder que decorre da teocracia. A teocracia, como toda outra forma de organização do poder, transcende o religioso e afeta o econômico, o cultural, e tudo o mais. E, em linhas gerais, em que pese eu defender o ponto de vista oposto, a cultura é grandemente produto, eis a verdade. A secularização foi obrigada a comprar briga com Deus, mas no fundo, no fundo, ninguém nunca quis brigar com Deus, quisemos apenas afetar aqueles que justificam suas condutas, seus mandos e desmandos em nome de Deus. CLÉVERSON ISRAEL MINIKOVSKY

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