O que nunca morre

O que nunca morre





            Fui a um enterro hoje e fiquei meditando no cemitério-parque sobre o que fica quando falecemos, o que deixamos para a posteridade. O féretro era do Sr Heinz Walter Zulauf, que ano passado um amigo meu e eu entrevistamos, a fim de escrevermos um livro sobre uma sociedade da cidade, sendo nós muito bem recebidos na residência deste. Mas era um grande personagem de nosso município, devendo receber todas as homenagens pelas suas obras, que vão desde as ruas da cidade, a escadaria, um aeroporto, medalhas em diversos esportes que praticou quando jovem  e muitos outros feitos. Assim esses seus feitos nunca morrerão, como o seu nome que deve ser lembrado na história de São Bento do Sul-Santa Catarina.  Quanto a mim: pelo que escrevo nos meus livros e mesmo pelo que falo na rádio, junto a programa de Cléverson Israel Minikovsky, sei que tenho um lugar também para a posteridade, que nunca morro.
         Jesus disse que somente ele poderia destruir o templo e reconstruí-lo em três dias. Também que na casa do Pai existem muitas moradas. Também no mundo existem obras que ficam, honrando o nome de quem trabalha pela sociedade, mais do que por si mesmo. Nós filósofos sempre buscamos uma obra bem ampla, para o mundo e a posteridade, e construímos ideias que se destinam a serem grandiosas, desde que divulgadas, descobertas e seguidas. Ainda jovem, acho que em novembro agora farei 30, mas minha mente ainda é jovialidade, mesmo minha idade biológica deve ser de uns 25, mas isso é outra coisa. Importa que a sabedoria que um filósofo busca já o coloca como um espírito envelhecido, superando já todas as provas da vida desde cedo, e estando preparado para a morte, para qualquer coisa, pois já refleti sobre tudo o que é corriqueiro. Agora o além é tema principal de minha reflexão, dividindo uma obra sobre cibernética que escrevo. Sobre o além mais leio, ainda não tenho grandes obras publicadas, mas os projetos não acabam, e minha vida tem muito por produzir ainda.
         Vejo que o cemitério é um local bom para a reflexão. Sempre que entro nesse ambiente não tenho medo, mas sim um sentimento de  portal entre essa vida e a eternidade, ou até o plano espiritual. Sólon, um dos sete sábios da Grécia antiga, já falava que um homem  de 70 anos já não tem o porquê de se preocupar com as coisas adversas da vida e com a morte. Eu com minha alma já treinada, vejo que talvez por reduzidos estímulos e corporalmente quase delicado, vejo que não é necessário os 70 anos ou mais para a sabedoria. O grande homem a que compareci em velório, faleceu com 83 anos. Talvez ano que vem me muda para frente ao cemitério, o que me deixa alegra, talvez possa passear nesse local, antecipando a morada futura de meu corpo, ou mais para que surja alguma ideia filosófica. Assim como eternos túmulos, nossas obras, os livros, podem ser um local de visita de almas e de pessoas de todas as idades e tempos. Claro que o livro pode despertar a vida e em nada lembra a morte. Sou vida, e em minha filosofia preguei algo que chamo de “vontade de vida”.
         O que nunca morre é isso que deixamos para a posteridade, para a lembrança das pessoas, para a história. Não é o que comemos a mais no jantar, nem a bebida que ingerimos numa festa, nem um ato sem importância, mas as grandes obras se ligam a grandes homens ou mulheres. Deveríamos assim amar as pessoas naquilo que elas fizeram em suas vidas, não só em conversas ou abraços, mas ainda naquilo que deixaram por seu trabalho, pois é nisso que tanto se esforçaram. O corpo deve ser cuidado, tudo mais, mas as obras são o que identifica essas pessoas, e acredito que seja nessas lembranças que elas tanto se apoiam. As necessidades devem ser respeitadas, a saúde, mas quem trabalha em um grande feito quase que sempre se sacrifica. Vale a lição de vida, mas a maioria das pessoas somente olha o efêmero, tipo o que atrai seu egoismo, seus desejos, seus interesses imediatos e assim vai. Somente grades homens constroem algo para a posteridade, pensam em solucionar problemas, e devem ter mesmo estátuas feitas em sua homenagem. Mesmo Sólon teria certa vez dito a um rei que o convidou para visitá-lo que de nada adianta o luxo, mas que mais importa é um grande feito, semelhante a  um comandante que morreu em batalha pelo seu país. O rei não gostou muito, mas Sólon disse que falava a verdade acima de tudo.
          
           
           

Comentários

  1. Morreu um homem que foi bem mais do que uma simples figura folclórica em nossa cidade. Ele era verdadeiramente um ponto de referência para todos nós. Foram 83 anos muito bem vividos. Há bem pouco tempo atrás conversei com seu Heinz no Cartório Felippeto e ele me contou que cuidava muito de sua saúde. Ele bem que merecia passar dos 100, mas ele está por certo agora com Aquele que criou a vida e o tempo. Deixará muitas saudades além das numerosas saudades. CLÉVERSON ISRAEL MINIKOVSKY

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