Um dragão sou

Um dragão sou




            No oriente os dragões representam grandes forças da natureza, mesmo que às vezes com efeitos negativos, como em terremotos e tsunamis. Mas aqui não queria lembrar do dragão desa forma, senão pela sua significação no antigo ocultismo, que é a dos que assim eram chamados: os sábios. Na noite dos tempos sábios eram chamados de dragões ou de serpentes. Com o cristianismo os símbolos ganharam um significado negativo, apesar de o próprio logos dos gnósticos ser representado por uma serpente, isso sem falar no ídolo fabricado por Moisés a conselho do Senhor. Mas até onde a aparente feiura e desvalor faz de nós seres humanos algo diferentes e por isso pré-julgados? E até onde isso é positivo ou negativo?
         De qualquer modo, tanto São Jorge quanto Miguel teriam enfrentado e vencido o dragão de Satanás, ou o próprio. Mas me afasto desse conceito. Vejo mais a sabedoria como uma qualidade essencial a um ser adquirir nesse mundo, mais do que a agradável aparência, como prega a sociedade contemporânea, com toda a sua certeza e valor. A isso já critiquei em meus livros “Crítica da Moral” e “Crítica das Crenças”, à venda na editora clube de autores (www.clubedeautores.com.br), e nisso não ou perder meu tempo. Mas o que é a aparência agradável senão uma sensação no sujeito cognoscente. Tal afetação se deve a hormônios e neurotransmissores de prazer, e também os venenos e drogas dão prazer, não sendo um bom norte de finalidades para a vida, teleológico, o mero prazer. Novamente, prefiro ser dragão. Cuidar da saúde e do corpo é bom, mas eu não tomaria anabolizantes para isso, nem forçaria meu corpo além do natural em academias, ficando por fim com sequelas (problemas em juntas, vértebras, etc). Continuo dragão.
         Também a sociedade gosta de cordeirinhos, de animais menos predadores que um dragão (uma forma de serpente...). Milhares de pessoas são direcionadas e manipuladas, tudo para agradarem a maioria, para serem como todo mundo é, consumirem, serem um número e uma forma de lucrarem os donos do poder. Cair no mesmo poço é a regra. A ignorância é mais fácil e menos dura para a vida em si, uma vez que saber certas verdades dói. A maioria das pessoas prefere assim viver feliz, mesmo ignorantes sobre o que são e o porquê de estarem no mundo, se contentando em ter e ter, e ter... Casa, cachorro, carro, cabelo arrumado, sapato etc. Esse modus vivendi, que para mim é meio que uma moral de rebanho é a marca dos belos cordeirinhos, dos belos pombinhos e congêneres. Por isso que numa multidão as pessoas perdem o controle, e em grupos a imoralidade ocorre mais facilmente que quando as pessoas estão isoladas. Basta ver o quanto grupos falam palavrões e as mesmas pessoas não se comportam dessa forma se sozinhas. Mesmo aparentemente felizes e por impulso praticando certos atos, os mesmos podem ser desastrosos – assim o rebanho responde em grupo pelos seus erros. A própria lei penal tem punição específica para a formação de quadrilha. E o dragão geralmente fica isolado, uma vez que o sábio é meio que chato para quem não o compreende. Sou novamente um dragão, apesar de ainda estar na escola da sabedoria.
         E pela estética o dragão fica de fora das relações sociais, precisa de outros mecanismos de comunicação, como livros, palestras, cursos etc. Não é de nenhum modo maligno, nem tem nada a ver com o Apocalipse. O fim do mundo parece estar mais destinado às massas que poluem o mundo com seus automóveis e morrem com estes mais do que em guerras, que a um rato de biblioteca que dá palestras em universidades. Claro que o saber pode dar a cura total, a fonte da juventude e a beleza que se quiser ter, mas isso nada tem a ver com o rebanho. O dragão já voa em outro plano, ele sabe e conhece o poder das estrelas, do Sol e da Lua. Isso para a maioria do povo está distante, e há a diferença entre a beleza moral, da alma, e a beleza da juventude do corpo, que logo se desvanece pelas rugas e pelos grisalhos na cabeça.
         Mas as pessoas que se acham dragões, escrevi esse artigo. Sejam otimistas, demonstrem seu poder, desafiem as regras de beleza, façam a sua própria alegria. Devemos saber que valores mudam de acordo com o tempo, e que a história já deve vários motivos diferentes de existência, desde a fé, a construção de pirâmides, as guerras, os mestres espirituais, há toda uma diversidades de fins, mais do que ter um rosto bonito e magnetismo. Não somos escravos da cultura da imagem, nem a TV é nosso foco principal de informação, sob pena de nos tornarmos rebanhos de uma informação enlatada e de nos autodestruirmos. Um dragão não sofre de tristeza, nem é vítima da sociedade, uma vez que voa acima de qualquer coletividade, pela sabedoria mesmo que adquiriu. Aprendamos com os antigos, a ver a qualidade nos símbolos e a verdade por traz daquilo que por óbvio nos passou despercebido. Sou assim por fim um Grande Dragão.
        

           

Comentários

  1. Sou facinado pelas forças da natureza, que, aparentemente, são muitas. Mas acima de todas estas forças existe um princípio único químico-físico e, acima de tal princípio, existe um Metaprincípio criador dos parâmetros do mundo empírico. Quando vejo a exuberância da natureza imediatamente ponho-me a pensar na ultrarrealidade que dá fundamento a isto tudo. O visível é criação do invisível. Parabéns Mariano. CLÉVERSON ISRAEL MINIKOVSKY

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