Velho oeste no sul

Velho oeste no sul



         Hoje eu tava meio assim, saca, naquele domingo que deixa agente puto. Sorri por alguma bobeira, e parece que sorrimos mais com bobeiras que coisas engraçadas que foram feitas para divertir. Na TV tinha a porcaria de sempre, e TV aberta tá uma mer... Eu ouço meu pai assistindo aqui de outro quarto, e lá na sala ecoa um som meio sinistro, desses programas que fazem apologia de vídeos bestas da Internet. Mas eu estava vendo um filme de velho oeste, sabe, daqueles que os caras são rápidos no gatilho, são tão feios quanto agente que é normal e resolvem as coisas na bala. A única bala que conheço é aquela doce. Li sobre a história daqui de São Bento que nos bailes antigamente sempre havia tiroteio. Devia ser um sarro. Imagina, os caras pulando nos cavalos e ao mesmo tempo atirando... Cavalos, hoje tem uns cavalos por aí ainda... mas andam em duas pernas. As balas fazendo aqueles barulhos, tipo ricochetando, quebrando vidraça, devia ser o baile de São Bento uma coisa de filme. A banda e tudo mais correndo, e, essas que vemos tocando hoje em dia devem ser as mesmas daquele tempo. 
         Mas eu ouvi uma amiga falar que se ela pudesse, ela sumiria, moraria no mato, por ter tanta gente ruim no mundo. Tomara que ela não falou pra mim. Mas pelo que entendi, tem uns filhos da p.. que emprestaram dinheiro dela e não devolveram, e quando ela precisou, estava com marido com câncer, e esses que ela ajudou não a apoiaram. Tipo assim, eu mando bem agradando alguém pra receber algo e depois dou pra trás na hora de recompensar – é isso que alguém fez com essa amiga. É que nem no faroeste, existem os mocinhos e os vilões. Pelo que parece, estão aumentando os vilões por aqui. Gaiatos não faltam, maus pagadores e tudo mais. Eu não queria ter um comércio nos dias de hoje, tem de vender tudo fiado, eu não entendo esse mundo onde tudo é fiado. Pra mim isso é coisa de fia.. da p... e meio falta a lei do velho oeste para cobrar essa gente, que promete e não paga, empresta e dá pra trás.
         Cara, a cidade tá crescendo, meio falindo, mas tá crescendo. Não temos mais cavalos e galinhas – pelo menos não no sentido literal – mas ainda guardamos uma herança do tradicional, tipo daquele negócio de tiozinho. Mas nos filmes de “faroeste” os mocinhos também têm arma. Nós mocinhos de hoje sofremos um monte, por sermos honestos, meio bobos e tudo mais. Enquanto a lei é molenga, ficamos moles também. Tipo assim, saca, se agente acertasse as moscas à bala, seria tudo mais divertido. Mas nenhum “saloon” está próximo para tomarmos um uísque especial, nem aquelas moças bem vestidas de outros tempos. Hoje a regra é menos roupa. E nem precisamos ir ao “saloon” para contemplarmos a moda cortesã.
         Terapia. Descobri com uma amiga virtual uma terapia “da hora”: ela bebe cachaça ou cerveja, e nunca reclamou da terapia. Tipo assim, daquelas pessoas que nos ensinam na vida por serem sinceras. Isso que ela se trata ainda com psicólogo. Engraçado, mas a garrafa para ela faz mais bem que o divã. Mas isso lembra o uísque do filme de “bang bang”, seria o começo da mudança para mim e os mocinhos em geral. Só que parei de beber, não gosto, me faz mal, sei lá. Mas no nosso sul do oeste, falta só um trem. Até tem aquele da Serra Alta, mas não é o antigo, à vapor. Adoro barulho de trem, que para mim é música. De todos os filmes que vi, esse “Era uma vez no oeste” tem muito trem, acho isso simpático e agradável, um transporte mais humano. Hoje cada maluco tem um carro e antes de se conseguir qualquer dinheiro, financia-se um carro. O banco substitui o pai. Antes se pedia o carro para o pai, hoje se pede para o banco. O banco, filho da … Mas antes se namorava quando se possuía carro – hoje se namora ao brincar de carrinho. Tempos melhores, evolução dos costumes. Sei lá, o que é costume? Comer muito é um meu... e não engordo, é engraçado, mas não entendo quando falam: “isso engorda, aquilo engorda” “água engorda” etc..  é absurdo! Meu, eu fico comendo, é pão, é chocolate, é churros, é carne, é bolo, é sagu de vinho, é de tudo um pouco... e parece que sou meio mágico. Some tudo. Só não faço sumir dinheiro, ainda. Mas o velho oeste do sul, essa nossa herança histórica já não está mais nos bailes e tiroteio, mas no dinheiro que nos devem. Enfim,  domingo foi legal, eu li muito, e guardei minha alma de mocinho, escrevendo nas balas esse texto no “saloon” da rede.

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