Reflexão sobre a morte
Reflexão sobre a Morte
Presenciamos nessa semana o dia de Finados. Porém, a morte é tema
para muitos evitado, seja por algum medo inconsciente, este medo em verdade
mais do desconhecido do que da própria morte. Shopenhauer disse que: “quem
considera o nascimento do homem como começo absoluto, a morte tem de ser o fim
absoluto”. Vemos que mesmo na Bíblia há relatos que falam em uma pré-existência
da alma, como Deut. 29, 14 e Sab. 8:19. A alma nasceu de alguma coisa e volta
para alguma coisa. O corpo material e a porção fenomênica seriam para
Shopenhauer efêmeros. E quem acha que a existência vem do acaso, esse sim deve
temer a morte. Quem confia na ressurreição não teme a morte.
Cícero disse que a maneira mais bela de morrer é com a inteligência
intacta e os sentidos despertos. Vemos que viver até o último suspiro é
aconselhável, e trabalhar muito, ter um sentido à existência, maior. E Cícero
fala que não se deve nem se apegar e nem renunciar com a vida que resta na
velhice. Mas a morte vem também para jovens. A morte é uma certeza, apesar de
ser indeterminado o momento.
Sêneca disse que enquanto jovem procurou viver bem, e quando chegou
à velhice, procurou morrer bem. A morte vinda, já depois da satisfação de ter
vivido. Isso também pode demonstrar uma gratidão para com a vida, e aceitar o
natural. A nossa sociedade é de todo o modo ensinada para entender a vida, para
ocupar o tempo e se sustentar. Mas quase ninguém ensina para se lidar com a
morte. Disse Sêneca: “Louva e imita aquele a quem não entristece morrer quando
lhe agrada viver”. A vida do sábio foi produtiva e ele não teme a morte.
Kierkegaard disse que para o cristão a própria morte é a passagem
para a vida. Desse modo, a nenhum mal físico ele considera mortal. E estar
mortalmente doente é não poder morrer e isso é desespero. Vemos por outro lado
que o cristão busca a vida eterna, na comunhão dos santos. Nessas almas bem-aventuradas
que em verdade os cristãos desejam estar, e morrer já o fez o mestre na cruz, e
o cristão não teria medo em ser sua imitação, no exemplo dos mártires.
Lao Tsé fala do ciclo de ser e existir: “Tudo o que existe egressa
do Ser e regressa ao Ser”. Então o Ser é eterno. Vemos que personalidades e
egos são transitórios, mas herdam eternidade, na medida em que parecem vestir
roupas materiais diferentes. Isso nos leva a reencarnação. Mas cuidar do túmulo
agrada alguns antepassados, e rezar.
Na cabala, na esfera do reino, da árvore da vida, ficam as almas dos
“eleitos”, e eles formam a “comunhão dos santos” e o corpo de Cristo. Estes
encarnam ou não, pois já estão salvos. Na mitologia, o símbolo da morte fica
por conta de Saturno, o velho com sua foice.
Pelo misticismo, o fim que se dá ao corpo após a morte, traça o
destino de seu corpo etérico, de modo que se apenas enterrado, o mesmo corpo
energético sobrevive, muitas vezes se manifestando por fantasma, e se cremado,
não. Por isso se queimavam bruxas e feiticeiros, para que não perturbassem com
seus fantasmas depois. O segredo é que o que purifica é o fogo, sendo que a
água e a terra são incompletas nesse sentido.
Vemos que a morte é real. Mas que as crenças do que vem após a morte
são muitas. Há contudo experiências de quase morte e mesmo de alguns que dizem
ter voltado e isso revela sim que há algo além. Sempre fui espiritualista e não
vejo a morte como um fim absoluto. Talvez nem tudo abrace das doutrinas
religiosas, mas sempre tive uma intuição especial que me disse que viver não
são apenas esses presentes anos de minha estrutura corporal. A reencarnação é
aceita por judaísmo e não parece de todo mal ver uma possibilidade de regresso.
Há também purgatório na doutrina católica, para que almas se purifiquem, antes
do paraíso. Vejo que tanto a reencarnação quanto a ressurreição são possíveis.
Eu costumo dizer que, não importa no que a pessoa acredite, e, mesmo que acredite em nada, e mesmo ainda que nada exista realmente após a morte, onde estivemos antes da vida provavelmente é para aonde vamos, mesmo que isso seja o nada. Logo, não há o que temer, pois é muito possível que conheçamos mais sobre esse "outro mundo" do que a vida da forma como nos é apresentada na terra que, comparada à maioria das leis do universo, é muitíssimo curta e pequena. E a morte é uma lei do universo.
ResponderExcluirIngomar
Belo texto meu mestre, meus parabéns.
ResponderExcluirRosy
Concordo quando fala "E quem acha que a existência vem do acaso, esse sim deve temer a morte. "kkkk beijos
ResponderExcluirGostei muito da repercussão desse artigo e espero que todos vcs voltem a me comentar sempre. agradeço e espero a informação sempre sirva de apoio. abraço
ExcluirUM BELO ARTIGO. MORRER É VIVER EM OUTRA DEMISSÃO.
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