Lidando com ausências

Lidando com ausências



                Uma criança chupa o dedo quando não possui alguma coisa. Nós adultos, ou mesmo jovens, lidamos muitas vezes de forma automática com as frustrações, e nem tudo o que se deseja se pode conquistar. Muitas vezes o pouco que se tem já evidencia uma ausência. Criamos assim uma série de mecanismos para desviar energias, para esquecermo-nos daquilo que não satisfaz nosso auto-mimo. Mas aos poucos vamos vencendo essas dificuldades, e enquanto vivos, podemos sim conquistar o que desejarmos, sermos senhores do nosso destino, reis.
            Ontem mesmo eu e meu amigo Cleverson ministrávamos uma pequena palestra sobre filosofia e percebemos que atitudes políticas começam logo cedo, uma vez a plateia formada por adolescentes. Agora estou com 12 livros, e lembro de escrever em papeis de A4 ensaios aos meus 20 anos de idade, me achando na época um meio que extemporâneo, um filósofo que jamais teria talvez oportunidade de expor pensamentos.Veja o que ocorreu, hoje se está fácil para publicar e dependendo da sorte, se pode divulgar qualquer material, pela Internet. Aquela minha frustração de não ser conhecido como escritor acabou, e agora estou até em um livro recém lançado por Fidias Teles, nosso conterrâneo, onde sou citado como parte da cultura de São Bento do Sul, e mesmo Mário Carabajal, o presidente da Academia de Letras do Brasil, lembra de mim quando vem para a cidade.  
            Outra superação se deu com a questão de dirigir. Por anos sofri de fobia com relação a isso e de repente tudo sumiu, como se nada tivesse acontecido, como se eu fosse ótico condutor. E hoje não confio mais em nenhum motorista a não ser eu mesmo. Aquela frustração talvez se desse por eu não dirigir minha vida, fato mais mental de certo período que real. Mas andar de ônibus foi relaxante no passado, e eu podia assim ler livros ao estar em terminal rodoviário ou trafegando.
            E a vida vai passando, pelo menos essa dimensão corporal que presentemente ocupamos. Esses dias estava lendo um livro de Robert Anton Wilson, um filósofo meio que de vanguarda, tipo hippie, e que citava várias teorias legais de físicos e de amigos seus. Aquela de Universos Paralelos, achei especial por ser talvez uma alternativa a explicação da reencarnação (talvez até ressurreição), uma vez que talvez viveríamos em existências todas as nossas vontades, e apesar de frustradas aqui nessa parcela do conjunto , naqueles outros que existem em um tempo talvez diferentes, futuro ou passado, estaríamos com conquistas e potencialidades manifestadas em atos, todas as potencialidades. Logo noutro universo tenho um Chevrolet Camaro, sou bem sucedido com dinheiro, amor, fama etc.
            A contrario sensu, viver certas dificuldades nos ensina mais. É a porta estreita a que falava Jesus. Mesmo em diversas culturas, isso releva um certo Senhor do Umbral, uma espécie de monstro que guarda o portal para a senda, para m caminho de evolução da consciência. Parece que certos iniciados podem saber o que significa esse trajeto. Mas voltando a frustração, ela em adultos se revela de muitas formas, umas positivas e outras negativas. Muitos apenas crescem quando têm dificuldades. Já outros entram em depressão, bebem, jogam, encontram, alguma compulsão substitutiva daquele desejo ou vontade que tinha originalmente. Para o adulto chupar o dedo parece cada vez mais o individualismo, o egoísmo, o consumismo, o excesso de trabalho, o excesso de estudo, a banalização de relacionamentos e assim por diante. Saber disso já deve ser a cura para muitas pessoas, pois o fim da escravidão reside no conhecimento da verdade, e a verdade não pode ser traduzida, apenas vivida.

Ouçam-me na rádio liberdade no sábado, as 21:40

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